EFEITOS
DO USO DA TERRA E MANEJO FLORESTAL NO CICLO DE CARBONO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Philip M.
Fearnside
Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA
Resumo
O desmatamento na
Amazônia Legal brasileira libera quantias significativas de gases de estufa. Em
1990, as emissões líquidas comprometidas (o resultado a longo prazo de emissões
e absorções em uma determinada área que é desmatada) totalizaram 267-278
milhões de toneladas de carbono equivalente ao carbono de CO2 (sob
cenários baixo e alto de gases-traço), enquanto no mesmo ano o balanço anual de
emissões líquidas correspondente (o balanço em um único ano sobre a região
inteira, inclusive áreas desmatadas em anos anteriores) era 354-358 milhões de
toneladas oriundos do desmatamento, mais 62 milhões de toneladas de exploração
madeireira. Estas cifras contrastam com pronunciamentos que alegam que a
emissão líquida da Amazônia seja pequena ou até mesmo nula. A maioria das
emissões é causada por médios e grandes fazendeiros (apesar de declarações no
sentido contrário), um fato que significa que poderia ser bastante reduzida a
velocidade do desmatamento sem afetar os pequenos agricultores. Os benefícios
monetários e não-monetários significativos evitando este impacto são uma razão
para tornar a provisão de serviços ambientais um objetivo a longo prazo,
reorientando o desenvolvimento na Amazônia.
1. Introdução
a) Controvérsias sobre emissões brasileiras
As emissões brasileiras atuais e
potenciais de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento na Amazônia são
ambas assuntos de preocupação mundial e fontes de controvérsia. Os números que
têm sido apresentados por diferentes autoridades para a magnitude dessas
emissões variam desde zero até valores no mesmo nível que a emissão total pela
frota mundial de automóveis. Face a tais discrepâncias, é comum para pessoas
que não seguem de perto o assunto adiarem qualquer decisão sobre aceitação de
algum valor “até que os peritos concordem”, (i.e., o observador
continuará agindo como se o impacto fosse zero), ou, então, presumir que o
ponto central dos vários valores que têm sido apresentados ao público
representa a melhor estimativa. Nenhuma dessas duas reações é aconselhável: não
há nada que substiitui gastar o tempo necessário para entender os assuntos
envolvidos e avaliar a confiança dos números diferentes disponíveis. Daí, temos
que ter a coragem para agir com base na melhor estimativa, uma vez que esta
esteja identificada com base nos seus méritos. A gama de incerteza científica
genuína que cerca as estimativas de emissões é muito menor que a gama de
declarações que foram feitas sobre o assunto, porque muitos dos valores
existentes contêm erros ou omissões conhecidos.
Além de controvérsias
sobre quantas toneladas de gases são emitidas, há uma gama igualmente larga de
opiniões sobre se um determinado nível de emissão representa apenas algo
insignificante ou uma grande catástrofe. Infelizmente, as informações
apresentadas no atual trabalho indicam que as emissões do desmatamento
amazônico são grandes e o seu impacto é importante. A maneira em que são
conduzidas as negociações sobre o clima pode determinar se este grande impacto
representa uma notícia ruim para a população do interior amazônico, ou se
representa uma oportunidade para tornar o serviço ambiental de evitar emissões
de gases de efeito estufa num meio sustentável para manter aquela população.
b)
Magnitude das emissões brasileiras
Os valores obtidos para a magnitude
das emissões brasileiras dependem dos valores usados para parâmetros básicos,
tais como taxa de desmatamento, biomassa, e absorção de carbono pela paisagem
que substitui a floresta. Eles também dependem da inclusão ou omissão de
diferentes porções da emissão, tais como decomposição, re-queimadas (queimadas
subsequentes da queimada inicial), biomassa subterrânea, carbono do solo,
reservatórios hidrelétricos, e o efeito de gases-traço, tais como metano e
óxido nitroso.
Algumas estimativas muito altas de
emissões da Amazônia brasileira foram o resultado de uma estimativa de taxa de
desmatamento a 200.000 km2/ano (WRI, 1990: 103). Esta estimativa da
taxa de desmatamento é, na verdade, uma estimativa da área queimada (que não é
a mesma coisa que o desmatamento) para 1987, derivada por Setzer et al. (1988) e extrapolada à “década de 80”. Ambos os erros
técnicos na estimativa da taxa de desmatamento e na extrapolação a partir de um
ano atípico (1987) invalidam esses cálculos de emissões (Fearnside, 1990a). Uma
outra estimativa alta (Myers, 1989, 1991) usa o valor de 50.000 km2/ano
como estimativa da taxa de desmatamento, baseado em uma versão preliminar de
uma estimativa feita por Setzer e Pereira (1991), que calcularam 48.000 km2/ano
como a taxa para 1988. A taxa de 50.000 km2/ano (Myers, 1989, 1991)
também foi usada como a estimativa da taxa de desmatamento em cálculos de
emissões feitos por Houghton (1991). Esta estimativa da taxa de desmatamento
também sofre de erros técnicos conhecidos que sobrestimam o valor resultante
(veja Fearnside, 1990a). A melhor estimativa atual para a taxa de desmatamento
no período 1980-1989 é 20.300 km2/ano, baseado em Fearnside (1997a),
derivada com vários ajustes as estimativas de área acumulada desmatada até 1980
(Skole & Tucker, 1993) e 1989 (e.g., Brasil, INPE, 1998). Este e
outros valores para a taxa de desmatamento mencionados no atual trabalho
referem-se à perda de “floresta” (como definido em Fearnside & Ferraz,
1995), e não inclui perda do cerrado nem a degradação de floresta por
exploração madeireira ou por outros processos.
Estimativas de biomassa variam
muito, tanto em magnitude como também na confiabilidade dos dados e no
procedimento de cálculo. Uma estimativa de biomassa total (inclusive biomassa
subterrânea) de apenas 155,1 t/ha (em termos de peso seco de biomassa, não em
termos de carbono) foi derivado por Brown e Lugo (1984). Este valor, que é
menos da metade do valor das estimativas atuais deste parâmetro, foi usado por
Detwiler e Hall (1988) para calcular as emissões de desmatamento tropical. Embora
esta estimativa de biomassa não seja defendida por ninguém hoje, inclusive os
seus autores originais, ainda é pertinente porque forma parte da base da
estimativa usada pelo Painel Intergovernmental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
de 1,6 Gt (gigatoneladas=109 t) de carbono como a emissão líquida
total global oriunda da mudança do uso da terra nos trópicos (Schimel et al.,
1996: 79). O valor global de 1,6 Gt C para emissões anuais do desmatamento
tropical no período 1980-1989 foi derivado originalmente (Watson et al.,
1990: 11) como o ponto central entre uma estimativa baixa de 0,6 Gt C/ano feito
de Detwiler e Hall (1988: 43) e uma estimativa alta de 2,5 Gt C/ano de Houghton
et al. (1987: 125). Este último foi
baseado em uma estimativa para a biomassa total da floresta de 352 t/ha de
Brown e Lugo (1982).
No relatório do IPCC de 1990
(Houghton et al., 1990) o valor de 1,6 Gt C/ano foi chamado o “termo de
mudança de uso da terra”, mas as emissões oriundas de fontes que não eram de
desmatamento tropical foram, de fato, todas consideradas como tendo valores
nulo. No relatório de 1995 (o Segundo Relatório de Avaliação, ou SAR: Houghton et
al., 1996), o termo de 1,6 Gt C/ano foi restringido explicitamente ao
desmatamento tropical, e um termo separado de –0,5 Gt C/ano foi acrescentado
para representar a absorção de carbono pelo crescimento de florestas na zona
temperada. O termo de 1,6 ± 1 Gt C/ano para desmatamento tropical foi mantido
no SAR (Schimel et al., 1996: 79) baseado em uma concordância aproximada
com uma estimativa de 1,65 ± 0,4 Gt C/ano de Brown et al. (1996: 777). Esta última estimativa é baseada
principalmente em uma estimativa mundial de Dixon et al. (1994), que
usou estimativas de biomassa para a Amazônia brasileira baseadas em Fearnside
(1992a): 272 t/ha, ou aproximadamente 33% abaixo das estimativas atuais para a
biomassa da floresta que é desmatada (Fearnside, s/d-a; atualizado de
Fearnside, 1997b). Além disso, a estimativa de Dixon et al. (1994) era,
no caso da Amazônia brasileira, baseada em uma estimativa de desmatamento para
os anos oitenta (Skole & Tucker, 1993) que subestima a taxa de desmatamento
naquele período em 24% (Fearnside, 1993a). Claramente, estas diferenças são
suficientes para fazer uma diferença significativa nas conclusões finais
relativas à magnitude de emissões de gases de efeito estufa oriundas do
desmatamento.
Emissões líquidas comprometidas
expressam a contribuição da transformação da paisagem florestada em uma nova
paisagem, usando como base de comparação o mosaico de usos da terra que seria o
resultado de uma condição de equilíbrio criado por uma projeção das tendências
atuais. Isto inclui emissões da decomposição e re-queimada dos troncos que
permanecem sem queimar quando a floresta é derrubada inicialmente (emissões
comprometidas), e absorção de carbono pelo crescimento de florestas secundárias
em locais abandonados depois do uso em agropecuária (absorção comprometida)
(Fearnside, 1997b).
Emissões líquidas comprometidas
consideram as emissões e absorções que acontecerão na medida em que a paisagem
de uma determinada área desmatada se aproxime a uma nova condição de
equilíbrio. Aqui a área considerada é os 13.800 km2 de floresta
amazônica que foram cortados em 1990, o ano de referência para os inventários
da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UN-FCCC). As
“emissões prontas” (emissões que entram na atmosfera no ano da derrubada) são
consideradas junto com as “emissões atrasadas” (emissões que entrarão na
atmosfera em anos futuros), como também a absorção correspondente pelo recrescimento
da vegetação nos locais desmatados. Não são incluídas as emissões de
gases-traço da queimada e da decomposição de floresta secundária e de biomassa
de pastagem na paisagem de substituição, embora são incluídos os gases-traço e
fluxos de gás carbônico para emissões que originam de restos da biomassa da
floresta original, de perda de fontes de floresta intactas e sumidouros, e de
estoques de carbono do solo. Emissões líquidas comprometidas são calculadas
como a diferença entre os estoques de carbono na floresta e na paisagem de
substituição de equilíbrio, com fluxos de gases-traço calculados com base nas
frações da biomassa que queima ou decompõe seguindo caminhos diferentes.
Em contraste com as emissões
líquidas comprometidas, o balanço anual considera a liberação e a absorção de
gases de efeito estufa em um determinado ano (Fearnside, 1996). O balanço anual
considera a região inteira (não apenas a parte desmatada em um único ano), e
considera os fluxos de gases entrando e saindo da região, ambos como emissões
prontas nas áreas recentemente desmatadas e como “emissões herdadas”, e
a absorção nos desmatamentos de idades diferentes em toda a paisagem. Emissões
e absorções herdadas são os fluxos que acontecem no ano em questão, que são o
resultado de atividade de desmatamento em anos prévios, por exemplo, os fluxos
atraves de decomposição ou requeima da biomassa remanescente da floresta
original. O balanço anual também inclui gases-traço da floresta secundária e
pastagem que queimam ou que se decompõem.
O balanço anual representa uma
medida instantânea dos fluxos de gases de estufa, dos quais o gás carbônico é
um deles. Embora os cálculos atuais sejam feitos anualmente, eles são chamados
de “instantâneos” aqui para enfatizar o fato que eles não incluem conseqüências
futuras do desmatamento e de outras ações que acontecem durante o ano em
questão.
2. Biomassa florestal
Emissões de gases de estufa oriundas
do desmatamento são essencialmente proporcionais à biomassa da floresta. A gama
extensiva de estimativas de biomassa é, então, um fator fundamental na gama de
valores que os diferentes autores têm calculado. Em vários casos, no entanto,
valores subestimados para a biomassa foram usados junto com superestimavas da
taxa de desmatamento. Em tais casos, os erros podem cancelar um ao outro, e
pode produzir estimativas de emissões que caem dentro de uma faixa razoável. No
entanto, uma concordância entre estimativas que diferem nas suas suposições
subjacentes e nos seus parâmetros é ilusória e enganosa, já que isso não indica
a replicação. É importante estabelecer políticas com base em estimativas que
não somente têm o resultado final correto, mas que chegam até este resultado
pelas razões certas--quer dizer, baseado nas melhores estimativas atuais de
todos os parâmetros.
Uma série de estimativas foi
produzida por Sandra Brown e Ariel Lugo (Brown & Lugo, 1982, 1984,
1992a,b,c; Brown et al., 1989), enquanto produzi uma série de
estimativas com valores substancialmente mais altos (Fearnside, 1985, 1986,
1987a, 1990b, 1991, 1992a,b, 1994, 1997b, s/d-a). É muito importante entender
por que as diferenças existem. A estimativa muito baixa de 155,1 t/ha, dos
quais 133,7 t/ha eram acima do solo (Brown & Lugo, 1984) aparentemente
conteve erros de cálculo, já que os dados originais da FAO para volume
florestal usados naquela estimativa levam a valores mais altos para biomassa
quando o procedimento de cálculo publicado é aplicado (veja Fearnside, 1986,
1987a). Em uma publicação subseqüente, Brown e Lugo revisaram a porção da
biomassa acima do solo da estimativa deles para 169,68 t/ha aumentando o valor
em 27% (Brown et al., 1989). No entanto, esta e estimativas subseqüentes
para biomassa acima do solo de 162 t/ha (Brown & Lugo, 1992a) e 227 t/ha
(Brown & Lugo, 1992b) continham omissões significativas (veja Fearnside,
1992b, 1993b). Estas incluem um ajuste de +15,6% da biomassa viva acima do solo
para o fator de forma, +12,0% para as árvores <10 cm de diâmetro a altura do
peito (DAP), +3,6% para as árvores 30-31,8 cm DAP, +2,4% para as palmeiras,
+5,3% para os cipós, +0,2% para outros componentes de não-arbóreos, -0,9% para
o volume e densidade da casca, e –6,6% para árvores ocas. Estes ajustes à
biomassa viva acima do solo somam +31,7%. O total assim obtido deve, então, ser
aumentado com acrécimos para biomassa morta (8,6%) e para biomassa de baixo do
solo (33,6%) (Fearnside, s/d-a, atualizado de Fearnside, 1994; veja Fearnside,
1997b). As estimativas atuais (Fearnside, s/d-a, atualizado de Fearnside, 1994;
veja Fearnside, 1997b) estão baseadas em muito mais dados que as estimativas
anteriores, usando dados de inventário florestal de 2.954 ha de parcelas de 1ha
espalhadas em toda a Amazônia Legal. Aproximadamente 90% dos dados estão
baseados nos levantamentos do Projeto RADAMBRASIL, e os 10% restantes em dados
da FAO. O cálculo atual de biomassa incorpora melhores estimativas da densidade
básica da madeira, desagregado por tipo de floresta (Fearnside, 1997c).
3. Emissões de gases de efeito estufa
Estimativas emissão de gases
provocada pelo desmatamento podem variar muito dependendo dos componentes
incluidos no cálculo. Cálculos que
omitem partes importantes da emissão podem chegar a conclusões gerais bastante
enganadores. O inventário nacional brasileira sob a Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças do Clima (UN-FCCC), ainda em preparação, segue uma
metodologia padronizada (Houghton et al., 1997), e, portanto, não deve
sofrer de grandes omissões como tem ocorrido diversas vezes em estimativas
divulgadas nos últimos anos.
Em 1992, na véspera da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), ou “ECO-92”,
no Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) anunciou
que o desmatamento no Brasil liberou apenas 1,4% das emissões de CO2
do mundo (Borges, 1992), um valor aproximadamente três vezes menor do que
aquele derivado no trabalho atual. Um valor tão baixo foi obtido contando
somente as emissões prontas liberadas pela queimada inicial da floresta,
ignorando a decomposição e as re-queimas. Somente 39% da liberação total de
carbono acima do solo, ou 27% da liberação bruta de carbono total (inclusive
emissões da biomassa subterrânea e do carbono do solo) acontecem por este
caminho para o componente de gás carbônico das emissões líquidas comprometidas
(Fearnside, 2000a, atualizado de Fearnside, 1997b).
Em 1997, na véspera da terceira
conferência das partes da UN-FCCC, em Kyoto, o INPE anunciou que o Brasil
libera zero de emissões líquidas oriundas do desmatamento (IstoÉ, 1997). Aparentemente,
esta conclusão extraordinária foi tirada ignorando todas as emissões fora da
queimada inicial, combinado com a crença de que as “plantações” podem absorver
esta quantia de carbono de alguma maneira. O INPE afirmou que "as plantações
que nascem acabam absorvendo o carbono que foi jogado na atmosfera com a
queimada” (IstoÉ, 1997). Infelizmente, apenas 7% das emissões líquidas
comprometidas são reabsorvidas pela paisagem que substitui a floresta
(Fearnside, 1997b; também veja Fearnside & Guimarães, 1996).
As estimativas atuais do autor para
emissões oriundas do desmatamento em 1990 na Amazônia Legal brasileira são
apresentadas na Tabela 1 em termos de emissões líquidas comprometidas e de
balanço anual. Dois cenários são apresentados: emissões “baixas” e “altas” de
gases-traço. Estas representam uma gama de fatores de emissão, ou seja, a
quantia de cada gás emitida através de processos diferentes, tais como
combustão em chamas e combustão sem chamas (formação de brasas). A faixa de dúvida
sobre outros fatores importantes, tais como a biomassa da floresta e a taxa de
desmatamento em locais diferentes, não foi incluída. O balanço anual foi mais
alto que as emissões líquidas comprometidas em 1990 porque as taxas de
desmatamento tinham sido mais altas nos anos imediatamente anteriores a este
ano, portanto deixando quantidades maiores de biomassa não queimada que leva à
produção de emissões nos anos seguintes. As minhas melhores estimativas atuais
para 1990 (Tabela 1) são 267 × 106 t C de emissões líquidas
comprometidas e 354 × 106 t C de balanço anual de desmatamento, mais
62 × 106 t C adicionais da exploração madeireira (Fearnside, 2000a).
São incluídos os impactos das emissões de gases-traço usando os potenciais de
aquecimento global (GWPs) de integração de 100 anos adotados pelo segundo
relatório de avaliação do IPCC (Schimel et al., 1996). Apenas o
desmatamento (i.e., a perda de floresta, incluindo tanto a derrubada de
floresta para agropecuária como a inundação por reservatórios hidrelétricos) é
apresentado aqui, sem considerar a perda de cerrado, que era a vegetação
original em aproximadamente 20% da Amazônia Legal brasileira.
[Tabela
1 aqui]
O peso relativo no desmatamento
amazônico de pequenos agricultores versus grandes proprietários de terras está
continuamente sujeito a mudança como resultado de mudanças nas pressões
econômicas e demográficas. O comportamento de proprietários de terras é muito
sensível a mudanças econômicas, tais como as taxas de juros oferecidas pelo
mercado financeiro e outros investimentos, os subsídios do governo para crédito
agrícola, a taxa de inflação geral, e as mudanças no preço de terra. Incentivos
fiscais eram um motivo forte nos anos setenta. Em junho de 1991 um decreto (No.
153) suspendeu a concessão de novos incentivos. No entanto, os incentivos
“velhos” (i.e., já aprovados) continuam até hoje, ao contrário da
impressão popular que foi nutrida através de numerosas declarações no sentido
de que os incentivos tinham acabados. A maioria das outras formas de
incentivos, tais como crédito subsidiado pelo governo a taxas de juros e
correção monetária muito abaixo das taxas de inflação brasileira, efetivamente
cessou depois de 1984 (o último ano, por exemplo, quando as fazendas do
distrito agropecuário da Superintendência da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA, no
Estado do Amazonas, fizeram desmatamentos significantes).
Durante as décadas que precederem a
iniciação do Plano Real em 1994, a hiperinflação era a característica dominante
da economia brasileira. A terra desempenhou um papel como estoque de valor, e
seu valor subiu muito acima dos níveis mais altos que poderiam ser justificados
como um insumo para a produção agropecuária. Não obstante, foram ganhos vastas
fortunas em terras amazônicas, e o desmatamento desempenhou um papel crítico
como meio de garantir a posse de investimentos especulativos em terra (veja
Fearnside, 1988).
O Plano Real cortou abruptamente a
taxa de inflação no Brasil. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, os preços da
terra alcançaram um pico em 1995, e subseqüentemente caíram 1996 e 1997 (O
Diário, 25 de janeiro de 1998). Esta é uma explicação provável para o
declínio na taxa de desmatamento ao longo do período 1995-1997 indicado por
dados de LANDSAT. Estes dados indicam um pico de desmatamento anual em 1995 de
29,1 × 103 km2, seguidos por 18,2 × 103 km2
em 1996, 13,2 × 103 km2 em 1997, e uma estimativa
preliminar de 16,8 × 103 km2 em 1998 (Brasil, INPE, 1998,
1999). O pico em 1995, que representa um salto a partir da taxa já muito alta
de 14,9 × 103 km2 em 1994, é provavelmente em grande
parte uma reflexão da recuperação econômica sob o Plano Real, e por conseguinte
a disponibilidade de volumes maiores de dinheiro para serem investidos em
fazendas de pecuária.
4. Interpretação de valores para o impacto das
emissões
a)
Atribuição da culpa entre agentes
Uma característica importante do
problema de emissões de gases de estufa oriundos do desmatamento é que a taxa
de perda de floresta poderia ser reduzida muito sem provocar grandes impactos
sociais. Isto é porque a maioria do desmatamento é feito por grandes ou médios
fazendeiros, em vez de por agricultores pequenos: apenas 30,5% do desmatamento
em 1990 e 1991 são atribuíveis a agricultores pequenos (Fearnside, 1995a). A
idéia que florestas tropicais estão sendo desmatadas por agricultores
intinerantes pobres que iriam ficar famintos se forçados a parar é, em grande
parte, impróprio para a Amazônia brasileira, onde quase 70% do desmatamento são
feitos pelos ricos. Além disso, a produção agrícola nacional não é fortemente
dependente em desmatamento de mais floresta amazônica porque a maioria da área
aberta se torna pastagem de baixa qualidade que degrada depois de apenas uma
década. Somente 6% do valor da produção agrícola brasileira vêm da Amazônia, e
a grande maioria dos 547.100 km2 já desmatadas até 1998 (uma área do
tamanho da França) é pastagem ou floresta secundária em pastagens abandonadas. A
falta de espaço na parte já desmatada da região não limita a implantação de
sistemas mais produtivos de agricultura comercial e de culturas alimentícias
para alimentar os agricultores de subsistência.
A proporção do desmatamento da
região feita por proprietários de terras de tamanhos diferentes (baseado em
Fearnside, 1995a) pode ser usada para atribuir a responsabilidade pelas
emissões de gás de efeito estufa entre diferentes classes de atores. Ao
contrário de declarações feitas pelo então presidente do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Traumann, 1998),
dados de desmatamento para 1995 e 1996 liberados pelo INPE (Brasil, INPE, 1998)
não indicam que os pequenos agricultores são agora os principais agentes de
desmatamento. O fato de que mais da metade (59% em 1995 e 53% em 1996) da área
de desmatamentos novos (diferente da área das propriedades nas quais os
desmatamentos se localizam) tenha áreas menores de que 100 ha reforça a
conclusão de que a maioria do desmatamento está sendo feito por grandes e
médios fazendeiros, já que nenhum pequeno agricultor pode desmatar uma área
próxima a 100 ha em um único ano. Apenas 21% da área dos desmatamentos novos em
1995 e 18% em 1996 eram menores de 15 ha. Famílias de pequenos agricultores só
são capazes de derrubar aproximadamente 3 ha/ano com mão-de-obra familiar
(Fearnside, 1982), e isto é refletido no comportamento de desmatamento em áreas
de assentamento (Fearnside, 1987b).
A Tabela 2 mostra que um único
grande fazendeiro (com 1000 ha ou mais de terra) tem, em média, um impacto
maior sobre o efeito estufa que 273 pequenos agricultores (com <100 ha de
terra), ou mais de 3.800 pessoas nas cidades do Brasil. Isto mostra de forma
dramática o tremendo impacto ambiental causado por uma fração mínima da
população do País. Este fato provê a chave para tomar medidas para reduzir a
velocidade do desmatamento sem provocar impactos sociais inaceitáveis, e para
tornar os serviços ambientais, tais como evitar o efeito estufa, em um meio
para sustentar a população rural da região (Fearnside, 1997d). No que eu chamo
de “solução Robin Hood”, o valor da mudança ambiental que é causada pelos ricos
poderia ser usado para sustentar os pobres. Uma longa lista de barreiras teria
que ser cruzada para se transformar serviços ambientais em uma forma de
desenvolvimento sustentável para a Amazônia rural (Fearnside, 1997d). Não
obstante, deve ser dada prioridade à criação das bases científicas,
institucionais e diplomáticas para isto, se queremos um dia alcançar o objetivo
de usar os serviços ambientais como a base de sustento da população, ao invés
dos sistemas atuais baseados em mercadorias tradicionais como madeira e carne
de boi.
[Tabela
2 aqui]
b)
Emissões evitadas versus manutenção de estoques
Serviços ambientais incluem a
manutenção da biodiversidade e da ciclagem de água, assim como também os
benefícios de mitigação do efeito estufa que é o assunto do presente trabalho. O
valor atribuído aos benefícios de efeito estufa depende, em grande parte, do
modo no qual os créditos são calculados. Negociações sob o UN-FCCC até agora
reconhecem apenas as mudanças no incremento dos fluxos de carbono; em outras
palavras, o crédito para “emissões evitadas” só pode ser ganho se for evitado o
desmatamento de uma determinada área de floresta que teria sido cortada na
ausência de um programa de mitigação no caso do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, do Artigo 12 do Protocolo de Kyoto (UN-FCCC, 1997, veja Fearnside,
1999a). Este também é o critério aplicado pela Facilidade Global do Meio
Ambiente (GEF), do Banco Mundial, na avaliação dos benefícios de carbono de
projetos financiados com o objetivo de combater o efeito estufa (veja
Fearnside, 1995b). No caso de comércio das emissões sob o Artigo 17 do
Protocolo de Kyoto, o crédito refere-se à diferença com a “quantidade
atribuída”, que vem da emissão de 1990 (UN-FCCC, 1997; veja Fearnside, 1999b).
Políticas que resultam na manutenção
de floresta amazônica provêem dois tipos de serviço na mitigação do efeito
estufa: o primeiro é a redução imediata dos fluxos de gases de efeito estufa à
atmosfera, e o outro é evitar o impacto cumulativo muito maior que aconteceria
se as vastas áreas restantes de floresta no Brasil fossem derrubadas no futuro.
A metodologia atual baseada em “custos incrementais líquidos” refere-se apenas
ao primeiro destes benefícios. A manutenção do estoque de carbono não recebe
nenhum crédito. No entanto, fortes argumentos existem para recompensar este
serviço, já que as conseqüências de não manter a floresta seriam severas. O
desmatamento é um processo que tende a ficar mais difícil parar depois que
começa em uma determinada área. Embora já tenham sido reduzidas a pequenos
fragmentos muitas florestas tropicais ao redor do mundo, o Brasil foi calculado
pela FAO (1993), na sua avaliação dos recursos florestais, como tendo 41% de
toda a floresta úmida tropical restante no mundo em 1990.
Uma objeção freqüentemente
considerada a respeito do reconhecimento da manutenção de estoques de carbono
pelas florestas tropicais como um serviço, ao invés de redução de fluxos de
carbono, é que os países com grandes depósitos de combustíveis fósseis
exigiriam compensação pelos estoques não explorados que eles detém. Por outro
lado, há duas diferenças fundamentais entre estoques de carbono em florestas
tropicais e aqueles em combustíveis fósseis. Uma é que a maioria das
aproximadamente 5.000 Gt de carbono em estoques de combustíveis fósseis (Perry
& Landsberg, 1977 citados por Bolin et al., 1979: 33) realmente não
está “em risco”, já que a maior parte deste estoque provável não será queimada
no futuro previsível (atualmente o mundo queima aproximadamente 6 Gt de carbono
de combustível fóssil anualmente). Por outro lado, as florestas tropicais
poderiam ser totalmente desmatadas dentro de um século. A outra diferença é que
o uso de combustível fóssil pode ser controlado relativamente de modo fácil por
meio de instrumentos econômicos, tais como impostos e tarifas; não é necessário
colocar guardas ao lado dos poços para impedir que as pessoas bombeiem o
petróleo. Por outro lado, as florestas tropicais requerem medidas mais ativas
para mantê-las em pé. Atribuir um valor para o serviço de manter estoques de
carbono em floresta tropical é fundamental para criar a motivação para dar os
passos necessários para garantir que elas não sejam cortadas. Também vale a
pena notar que manter carbono em florestas tropicais tem outros benefícios que
manter estoques de carbono em depósitos de combustível fóssil não tem, tais
como a manutenção da biodiversidade. Os benefícios de carbono de manter estes
estoques são completamente reversíveis (um átomo de carbono é igual,
independente da sua fonte, e pode ser removido da atmosfera em outro lugar
através de incorporação na biomassa). A biodiversidade, por outro lado, não é
trocável, e, uma vez que os ecossistemas são destruídos e espécies são levadas
à extinção, ela não se recupera.
c)
Taxas de desconto para o carbono
Aplicar taxas de desconto aos
benefícios de carbono é outra característica da contabilidade dos benefícios
que pode afetar significativamente as conclusões. No momento, o GEF não
desconta qualquer parâmetro físico, por exemplo o carbono, quando se avalia os
benefícios de um projeto proposto de mitigação: uma tonelada de emissão evitada
hoje tem o mesmo benefício que uma tonelada evitada daqui há 20 anos. No
entanto, boas razões existem para dar algum crédito para benefícios de carbono
obtidos a curto prazo comparado ao crédito para benefícios obtidos a longo
prazo. O efeito estufa não é uma catástrofe ambiental pontual, de uma vez só. Ao
contrário, com cada grau de aquecimento a probabilidade aumenta que
determinados níveis de impactos acontecerão, daquele momento para frente. Se
uma determinada gráu de aquecimento é adiada de um ano mais cedo para um ano
posterior, então todos os aumentos de impactos (inclusive mortes humanas) que
teriam acontecido entre o ano mais cedo e o ano posterior representa um ganho
real. Este ganho deveria ser visto como um ganho permanente, mesmo que
pudesse ser esperado que os mesmos impactos aconteçam de qualquer maneira logo
após o período em que o impacto foi adiado. A lógica é igual àquela usada no
cálculo do crédito para evitar emissões de gases de efeito estufa através da
redução do uso de combustíveis fósseis: reduzir o consumo de um barril de
petróleo em um determinado ano é considerado como um benefício permanente,
mesmo que o mesmo barril de petróleo possa ser bombeado e queimado o ano
seguinte. Isto é porque a queima de todos os barris subseqüentes de petróleo
também fica adiada por um ano.
Descontar os benefícios dá mais peso
às emissões de carbono oriundas do desmatamento comparado com as emissões
oriundas de combustíveis fósseis. Isto é porque as emissões de combustíveis
fósseis são quase todas na forma de CO2, que tem um valor modesto de
forçamento radiativo (uma medida instantânea da quantia de calor que o gás
previne ser re-radiada ao espaço), mas cada molécula de CO2 permanece
na atmosfera durante aproximadamente 125 anos (Albritton et al., 1995:
222). O desmatamento emite a maioria de seu carbono em forma de CO2,
mas, diferente da combustão de combustível fóssil, uma parte do carbono é
emitido como metano (CH4) que tem um maior forçamento radiativo
(impacto instantâneo) por tonelada de carbono enquanto permanece na atmosfera,
mas que é removido depois de uma média de apenas 12,2 anos (Schimel et al.,
1996: 121). Além disso, o IPCC atualmente não conta os efeitos indiretos do
monóxido de carbono (CO) (um gás que alonga a vida do CH4 na
atmosfera pela remoção de hidroxilas (OH) que degradam o metano). A inclusão
destes efeitos em revisões futuras dos procedimentos de contabilidade
aumentaria ainda mais o efeito de aplicar uma taxa de desconto sobre os
impactos de desmatamento, em comparação com os impactos de combustíveis
fósseis. A perda de florestas por meio de inundações por represas hidrelétricas
tem um impacto substancialmente maior, relativo à produção de energia
termoelétrica, se for aplicado taxas de desconto (Fearnside, 1997e).
Atualmente, o IPCC expressa o
impacto relativo de diferentes gases de efeito estufa através de potenciais de
aquecimento global (GWPs), que expressam o impacto de um único pulso de cada
gás relativo a um pulso simultâneo de um peso igual de CO2 (Schimel et
al., 1996). Horizontes de tempo são
considerados de 20, 100 e 500 anos, sem aplicar uma taxa de desconto. Nas
discussões de política, a maioria da ênfase é dada ao horizonte de tempo de 100
anos, especialmente nos resumos executivos dos relatórios do IPCC. Os
horizontes de tempo de 20 e 500 anos fazem o valor mediano de 100 anos parecer
razoável por meio de um tipo de “efeito de Cachinhos Dourados”, mas, na
realidade, há pouca justificativa para atribuir um peso igual aos efeitos ao
longo de períodos de até 100 anos (muito menos de 500 anos). Mudanças que
acontecem no ano 1 têm mais importância que aqueles que somente acontecem no
ano 99, não apenas como resultado de uma perspectiva egoísta por parte da
geração atual, mas também por causa dos benefícios de adiar o fluxo de impactos
provocados por aumento de temperatura, como mencionado anteriormente.
Embora muitas perguntas de política
(além de ciência) precisam ser solucionadas através da escolha do modo que o
valor do impacto sobre o efeito estufa é calculado, e, por conseguinte, o modo
que se calcula o valor do benefício de evitar este impacto, as emissões de
desmatamento amazônico são suficientemente grandes para que todos os métodos
prováveis conduzam à conclusão que o desmatamento causa um impacto global
significante. Evitar o efeito estufa, junto com os outros serviços ambientais
na manutenção da biodiversidade e do ciclo hidrológico regional, provê uma
base, em potencial, para sustentar, ambos, a população rural da região e as
funções ecológicas da floresta tropical (Fearnside, 1997d).
5. Conclusões
O desmatamento na Amazônia Legal
brasileira libera quantias significativas de gases de efeito estufa. Emissões
líquidas comprometidas (o resultado a longo prazo de emissões e absorções em
uma determinada área que é desmatada) totalizaram 267-278 milhões de t de
carbono equivalente a carbono de CO2 em 1990 (sob cenários baixos e
altos de gases-traço), enquanto o correspondente balanço anual de emissões
líquidas (o balanço em um único ano sobre toda a região, inclusive as áreas
desmatadas em anos anteriores) em 1990 era 354-358 milhões de toneladas
ouriundas do desmatamento, mais 62 milhões de toneladas da exploração
madeireira. Estas cifras contrastam com pronunciamentos que reivindicam pequena
ou até mesmo nenhuma emissão líquida de Amazônia. A maioria das emissões é
causada por grandes e médios fazendeiros (apesar de recentes declarações no
sentido contrário), um fato que significa que poderia ser reduzido bastante a
velocidade do desmatamento sem parar o desmatamento que é feito por pequenos
agricultores por fins de subsistência. Os benefícios monetários e
não-monetários significativos evitando este impacto provêem um raciocínio para
fazer a provisão de serviços ambientais um objetivo a longo prazo na
reorientação do desenvolvimento na Amazônia.
6. Agradecimentos
Este
trabalho é uma tradução atualizada de uma apresentação na “Conferência
Internacional--Dimensões Humanas da Mudança Climática Global e Manejo
Sustentável das Florestas das Américas: Uma Conferência Interamericana”, 30 de
novembro - 03 de dezembro de 1997, Departamento de Economia, Universidade de
Brasília, Brasília (Fearnside, 2000b). O Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) (AIs 350230/97-98 e 523980/96-5) e o Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) (PPIs 5-3150 e 1-6130) contribuíram
com apoio financeiro. São adaptadas porções desta discussão de Fearnside
(s/d-b,c). Agradeço a M. Dore, P.L.M.A. Graça, M. de A. Lima e S.V. Wilson por
comentários.
7. Bibliografia
Albritton, D.L., R.G. Derwent, I.S.A. Isaksen, M. Lal & D.J.
Wuebbles. 1995. Trace gas
radiative forcing indices. p. 205-231 In: J.T. Houghton, L.G. Meira Filho, J.
Bruce, Hoesung Lee, B.A. Callander, E. Haites, N. Harris & K. Maskell.
(eds.) Climate Change 1994: Radiative Forcing of Climate Change and An
Evaluation of the IPCC IS92 Emission Scenarios.
Bolin, B., E.T. Degens, P. Duvigneaud
&
Borges, L. 1992. "Desmatamento emite só 1,4% de
carbono, diz Inpe" O Estado de São Paulo 10 de abril de 1992, p.
13.
Brasil, INPE. 1998. Amazônia:
Desflorestamento 1995-1997. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos,
São Paulo. Documento divulgado via internet (http://www.inpe.br).
Brasil, INPE. 1999. Monitoramento da
Floresta Amazônica Brasileira por Satélite/ Monitoring of the Brazilian Amazon
Forest by Satellite: 1997-1998. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), São José dos Campos, São Paulo, Documento divulgado via internet (http://www.inpe.br).
Brown, S. & A.E.
Brown, S. & A.E.
Brown, S. & A.E. Lugo. 1992a. Biomass estimates for Brazil's
Amazonian moist forests. p. 46-52 In: Forest '90: Anais do Primeiro Simpósio Internacional de
Estudos Ambientais em Florestas Tropicais Umidas. Biosfera--Sociedade
Brasileira para a Valorização do Meio Ambiente, Rio de Janeiro.. 508 p.
Brown, S. & A.E.
Brown, S. & A.E.
Brown, S., A.J.R. Gillespie & A.E.
Lugo. 1989. Biomass estimation methods for tropical forests with applications
to forest inventory data.
Brown, S., J. Sathaye, M. Cannell, P.
Kauppi, P. Burschel, A. Grainger, J. Heuveldop, R. Leemans, P.M. Moura Costa,
M. Pinard, S. Nilsson, W. Schopfhauser, R. Sedjo, N. Singh, M. Trexler, J. van
Minnen & S. Weyers. 1996. Management of forests for mitigation of
greenhouse gas emissions. p. 773-797 In: R.T. Watson, M.C. Zinyowera, R.H. Moss
& D.J. Dokken (eds.) Climate Change 1995: Impacts, Adaptations and
Mitigation of Climate Change: Scientific-technical analysis.
Detwiler, R.P. & C.A.S. Hall. 1988.
Tropical forests and the global carbon cycle. Science 239: 42-47.
O Diário [Mogi das
Cruzes]. 25 de janeiro de 1998. "Preços das terras estão caindo, afirma
FGV." p. 5.
FAO (Food and Agriculture Organization
of the United Nations).
Fearnside, P.M.
1982. Alocação do uso da terra dos colonos da Rodovia Transamazônica e sua
relação com a capacidade do suporte humano. Acta
Amazonica 12(3): 549-578.
Fearnside, P.M. 1985.
Fearnside, P.M. 1986.
Fearnside, P.M. 1987a. Summary of
progress in quantifying the potential contribution of Amazonian deforestation
to the global carbon problem. p. 75-82 In: D. Athié, T.E. Lovejoy & P. de
M. Oyens (eds.) Proceedings of the Workshop on Biogeochemistry of Tropical
Rain Forests: Problems for Research. Universidade de São Paulo, Centro de
Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Piracicaba, São Paulo. 85 p.
Fearnside, P.M.
1987b. Derrubada da floresta e roçagem de crescimento secundário em projetos de
colonização na Amazônia brasileira e a sua relação à capacidade de suporte
humano. Acta Amazonica 16/17 (suplemento): 123-141.
Fearnside, P.M.
1988. Causas de desmatamento na Amazônia brasileira. Pará Desenvolvimento 23: 24-33.
Fearnside, P.M. 1990a. The rate and
extent of deforestation in Brazilian Amazonia. Environmental Conservation
17(3): 213-226.
Fearnside, P.M. 1990b. Contribution to
the greenhouse effect from deforestation in Brazilian Amazonia. p. 465-488 In:
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), Response Strategies Working
Group (RSWG), Subgroup on Agriculture, Forestry and other Human Activities
(AFOS). Proceedings of the Conference on Tropical Forestry Response Options
to Global Climate Change.
Fearnside, P.M. 1991. Greenhouse gas
contributions from deforestation in Brazilian Amazonia. p. 92-105 In: J.S.
Levine (ed.) Global Biomass Burning: Atmospheric, Climatic, and Biospheric
Implications. MIT Press,
Fearnside, P.M. 1992a. Greenhouse
Gas Emissions from Deforestation in the Brazilian Amazon. Carbon Emissions and Sequestration in
Forests: Case Studies from Developing Countries. Volume 2. LBL-32758, UC-402. Climate Change Division,
Environmental Protection Agency, Washington, DC & Energy and Environment
Division, Lawrence Berkeley Laboratory (LBL), University of California (UC),
Berkeley, California, E.U.A. 73 p.
Fearnside, P.M. 1992b.
Fearnside, P.M. 1993a. Desmatamento na Amazônia: Quem tem razão--o INPE
ou a NASA? Ciência Hoje 16(96): 6-8.
Fearnside, P.M. 1993b. Biomass of
Fearnside, P.M. 1993c. Deforestation in
Brazilian Amazonia: The effect of population and land tenure. Ambio 22(8): 537-545.
Fearnside, P.M. 1994. Biomassa das florestas Amazônicas brasileiras. p.
95-124 In: Anais do Seminário Emissão × Seqüestro de CO2. Companhia
Vale do Rio Doce (CVRD), Rio de Janeiro. 221 p.
Fearnside, P.M.
1995a. Quem desmata a Amazônia: Os pobres ou os ricos? Ciência Hoje 19(113): 26-33.
Fearnside, P.M. 1995b. Global warming
response options in
Fearnside, P.M. 1996.
Fearnside, P.M. 1997a. Monitoring needs
to transform Amazonian forest maintenance into a global warming mitigation
option. Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change 2(2-3):
285-302.
Fearnside, P.M. 1997b. Greenhouse gases
from deforestation in Brazilian Amazonia: Net committed emissions. Climatic
Change 35(3): 321-360.
Fearnside, P.M. 1997c. Wood density for
estimating forest biomass in Brazilian Amazonia. Forest Ecology and Management 90(1): 59-89.
Fearnside, P.M. 1997d. Serviços ambientais como estratégia para o
desenvolvimento sustentável na Amazônia rural. p. 314-344 In: C. Cavalcanti
(ed.) Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Publicas.
Editora Cortez, São Paulo. 436 p.
Fearnside, P.M. 1997e. Greenhouse-gas
emissions from Amazonian hydroelectric reservoirs: The example of
Fearnside, P.M. 1999a. Forests and global
warming mitigation in
Fearnside, P.M.
1999b. Como o efeito estufa pode render dinheiro para o Brasil. Ciência Hoje 26(155): 41-43.
Fearnside, P.M. 2000a. Greenhouse gas
emissions from land use change in
Fearnside, P.M. 2000b. Effects of land use and forest management
on the carbon cycle in the Brazilian Amazon. Journal of Sustainable Forestry
12(1/2)(no prelo).
Fearnside, P.M. s/d-a. Biomass of
Fearnside, P.M.
s/d-b. O Potencial do Setor Florestal Brasileiro para a Mitigação do Efeito
Estufa sob o "Mecanismo de Desenvolvimento Limpo" do Protocolo de
Quioto. In. S. Schwartzman & A. Moreira (eds.) Mudança de Clima e os
Ecossistemas Brasileiros. Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM),
Brasília, DF. (no prelo).
Fearnside, P.M. s/d-c. Global warming and
tropical land-use change: Greenhouse gas emissions from biomass burning,
decomposition and soils in forest conversion, shifting cultivation and
secondary vegetation. Climatic Change (no prelo).
Fearnside, P.M. & J. Ferraz. 1995.
A conservation gap analysis of
Fearnside, P.M. & W.M. Guimarães.
1996. Carbon uptake by secondary forests in Brazilian Amazonia.
Houghton, J.T., G.J. Jenkins & J.J.
Ephraums (eds.). 1990. Climate Change: The IPCC Scientific Assessment.
Houghton, J.T., L.G. Meira Filho, B.A.
Callander, N. Harris, A. Kattenberg & K. Maskell (eds.). 1996. Climate
Change 1995: The Science of Climate Change.
Houghton,J.T., L.G. Meira Filho, B. Lim, K.Tréanton, I. Mamaty, Y
Bonduki, D.J. Griggs & B.A.Callander (eds.). 1997. Revised 1996 IPCC
Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Intergovernmental Panel
on Climate Change (IPCC), Genebra, Suiça
3 Vols.
Houghton, R.A. 1991. Tropical deforestation
and atmospheric carbon dioxide. Climatic Change 19(1-2): 99-118.
Houghton, R.A., R.D. Boone, J.R.
Fruchi, J.E. Hobbie, J.M. Melillo, C.A. Palm, B.J. Peterson, G.R. Shaver, G.M.
Woodwell, B. Moore, D.L. Skole & N. Myers. 1987. The flux of carbon from terrestrial
ecosystems to the atmosphere in 1980 due to changes in land use: Geographic
distribution of the global flux. Tellus 39B: 122-139.
ISTOÉ. 1997. "A
versão do Brasil" ISTOÉ [São Paulo] No.1463, 15 de outubro de 1997,
p. 98.
Myers, N. 1989. Deforestation Rates
in
Myers, N. 1991. Tropical forests:
Present status and future outlook. Climatic Change 19(1-2): 2-32.
Perry, H. & Landsberg, H.H. 1977.
Projected world energy consumption. p. 35-50 In:
Schimel, D. & 75 outros. 1996.
Radiative forcing of climate change. p. 65-131 In: J.T. Houghton, L.G. Meira
Filho, B.A. Callander, N. Harris, A. Kattenberg & K. Maskell (eds.) Climate
Change 1995: The Science of Climate Change.
Setzer, A.W., M.C. Pereira, A.C. Pereira Junior & S.A.O. Almeida. 1988.
Relatório de Atividades do Projeto IBDF-INPE "SEQE" -- Ano 1987.
Pub. No. INPE‑4534‑RPE/565. Instituto de Pesquisas Espaciais
(INPE), São José dos Campos, São Paulo. 48 p.
Setzer, A.W. & M.C. Pereira. 1991.
Skole, D. & C. Tucker. 1993.
Tropical deforestation and habitat fragmentation in the Amazon: Satellite data
from 1978 to 1988. Science 260:
1905-1910.
Traumann, T. 1998. Os novos vilões: Ação dos sem-terra e de pequenos
agricultores contribui para o desmatamento da Amazônia. Veja [
UN-FCCC (United
Nations Framework Convention on Climate Change). 1997.
Watson, R.T., H. Rodhe, H. Oeschger
& U. Siegenthaler. 1990. Greenhouse
gases and aerosols. p. 1-40 In: J.T. Houghton, G.J. Jenkins & J.J. Ephraums
(eds.) Climate Change: The IPCC Scientific Assessment.
WRI (World Resources Institute). 1990. World
Resources Report 1990-91. World Resources Institute,
EFFECTS OF LAND USE AND
Deforestation in
the Brazilian Legal Amazon releases substantial amounts of greenhouse
gases. Net committed emissions (the
long-term result of emissions and uptakes in a given area that is cleared)
totaled 267-278 million t of CO2-equivalent carbon in 1990 (under
low and high trace gas scenarios), while the corresponding annual balance of
net emissions (the balance in a single year over the entire region, including
areas cleared in previous years) in 1990 was 354-358 million t from
deforestation plus 62 million t from logging.
These figures contrast with pronouncements that claim little or even no
net emission from
TABELA 1:
COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE CALCULAR O IMPACTO NO EFEITO ESTUFA CAUSADO POR
DESMATAMENTO EM 1990 EM ÁREAS ORIGINALMENTE FLORESTADAS NA AMAZÔNIA
BRASILEIRA EM MILHÕES DE TONELADAS DE CARBONO EQUIVALENTE AO CARBONO DE CO2
|
|
||||||
|
|
||||||
Cenário |
Gases incluidos |
Emissões
líquidas comprometidas (apenas do
dematamento) (a,b) |
Balanço anual |
||||
|
|
|
Apenas desmatamento(b) |
Exploração madeireira |
Desmatamento (b) + exploração
madeireira |
||
|
|||||||
Baixo gases-traço |
Apenas CO2 |
255 |
329 |
61 |
390 |
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
CO2, CH4, N2O (c)
|
267 |
354 |
62 |
416 |
||
|
|
|
|
|
|||
Alto gases-traço |
Apenas CO2 |
255 |
324 |
61 |
385 |
||
|
|
|
|
|
|||
|
CO2, CH4, N2O (b)
|
278 |
358 |
62 |
421 |
||
|
|||||||
(a) Horizonte de tempo
infinito para fluxos de biomassa, C do solo e absorção pela vegetação de
substituição; horizonte de tempo de 100 anos para fluxos periódicos (CH4
do gado, N2O do solo sob pastagens, CH4 de
reservatórios hidrelétricos e de perdas de fontes e sumidouros de floresta
intactas); horizontes de tempo não-coterminos de 100 anos para impactos; sem
aplicação de uma taxa de desconto. |
|||||||
(b) Apenas desmatamento
em áreas originalmente florestadas (não inclua corte de cerrado) |
|||||||
(c) Também são
incluídos o CO, NOx e os hidrocarbonatos não metanos (NMHC) na
análise, mas os potenciais de aquecimento global (GWPs) do segundo relatório
de avaliação do IPCC para estes gases são iguais zero. |
TABELA 2: EMISSÕES PER-CAPITA
POR DIFERENTES AGENTES NO DESMATAMENTO AMAZÔNICO E COMPARAÇÃO COM POPULAÇÕES
EM OUTROS LUGARES |
||||||||||
|
||||||||||
|
|
|
|
Cenário baixo de gases-traço |
|
|
Cenário alto de gases-traço |
|||
|
||||||||||
Fonte
|
População
(milhões) |
Emissão anual (milhões de t de C equivalente a C de
CO2)(a) |
Emissão anual per capita (t C equivalente a C de CO2)
|
Número das pessoas precisou igualar um rancheiro
grande |
|
Emissão anual (milhões de t C equivalente ao C de CO2)(a)
|
Emissão anual per capita (t C equivalente ao C de CO2)
|
Número de pessoas necessário para igualar um grande
fazendeiro |
||
Brasil:
|
||||||||||
|
||||||||||
População
de fazendeiros na Amazônia (b) |
0.1 |
|
95 |
693.0 |
1 |
|
189 |
1.382,4 |
1 |
|
|
||||||||||
População
de fazendeiros de tamanho médio na Amazônia (b) |
0.5 |
|
105 |
219,1 |
3 |
|
81 |
167,8 |
8 |
|
|
||||||||||
População
de agricultores pequenos na Amazonia (b) |
6.7 |
|
88 |
13,2 |
53 |
|
34 |
5,1 |
273 |
|
|
||||||||||
Total na Amazônia rural |
8 |
|
287 |
43,2 |
16 |
|
303 |
37,9 |
37 |
|
|
||||||||||
Resto do Brasil |
132 |
|
47 |
0,4 |
1.946 |
|
47 |
0,4 |
3.882 |
|
|
||||||||||
Total do Brasil |
140 |
|
655 |
4,7 |
148 |
|
680 |
4,9 |
285 |
|
|
||||||||||
Mundo |
5.300 |
|
7.996 |
1,5 |
459 |
|
8.074 |
1,5 |
907 |
|
|
||||||||||
Estados Unidos |
210 |
|
1.060 |
5,0 |
137 |
|
1.060 |
5,0 |
274 |
|
|
||||||||||
(a) São alocadas emissões
entre classes de propriedade de acordo com a proporção de cada classe na
atividade de desmatamento em 1990 na Amazônia Legal como um todo. |
||||||||||
|
||||||||||
(b) Fazendas “grandes” são >1,000 ha de
área, fazendas de tamanho “médio” são 100-1000 ha de área, agricultores “pequenos” são <100 ha de
área. A população rural em 1990 é aporcionado entre estas categorias em proporção ao número
encontrado no censo agropecuária de 1985. |